Ainda hoje, quase dois meses depois da leitura, é difícil digerir esse livro. Passadas duas leituras maravilhosas, acho que finalmente me sinto pronta para poder falar sobre ele.
É um livro pesado, sobre as mazelas da sociedade. Independente ter sido escrito em 1890, ainda é muito atual. Talvez essa seja a beleza dos clássicos, eles nunca estão desfasados, são sempre atuais, pois, infelizmente, a nossa sociedade muda muito pouco.
O Cortiço conta a história de um homem que decidiu ser rico e fez de tudo para isso, inclusive usar as pessoas que por qualquer razão o ajudaram a chegar onde chegou. Há muito inveja por parte dele quanto a vida que os outros levam, as coisas que os outros têm. Ele é um homem sovina que guarda todo o dinheiro que ganha, até mesmo vivendo com pouco para poder poupar. Do meio para o fim isso muda e ele começa a esbanjar, uma vez que quer fazer parte da sociedade rica e para estar com eles é preciso viver como eles.
Se você nunca leu esse livro, talvez esteja agora se perguntando: se a história é sobre um homem, então, por que se chama O Cortiço? Bem, chama-se O Cortiço, pois foi esse o meio que ele escolheu para poder chegar aonde queria, esse foi o seu empreendimento: a Estalagem São Romão.
O cortiço que começou com poucas casas, em pouco tempo já tinha vários quartos; que alugava tinas para lavadeiras, era onde muitas delas viviam. Muitas vidas começaram e terminaram lá. Houve brigas, assassinatos, roubos — de dinheiro e de maridos. Era um lugar em que vivia a parte mais pobre da sociedade. Foi criado um segundo cortiço, no mesmo quarteirão, a poucos metros. E então esses começaram a brigar entre si, tal como torcedores de times rivais.
Por fim, nosso personagem principal, o empreendedor Romão, transformou o cortiço em uma verdadeira estalagem e tirou todos os pobres e miseráveis e resolveu alugar somente para a classe trabalhadora de um nível mais alto do que os que antes moravam. Ele retirou todos os que não podiam mais fazer parte da nova vida que ele viva na classe alta da sociedade.
Esse livro retrata tanto da sociedade, os preconceitos, os amores, as dores, os submundos que escondemos, com personagens muito bem escritos e muito bem elaborados. Apesar da história dura de ser lida, é uma história excelente. Li o livro em pouco tempo, pois queria saber o que vinha em seguida o mais rápido possível. O final é algo impensável, mas também muito bem escrito.
Recomendo a leitura com cautela, pois pode incomodar bastante. É uma grande crítica a sociedade e considerada a principal obra do Naturalismo no Brasil. No início achei que o autor era um grande preconceituoso, mas ao conhecer mais a história dele descobri que suas obras retratavam a ideia que a sociedade tinha das classes baixas e que ele escrevia dessa maneira para expor esse pensamento.
Essa é a minha ideia do livro, aquilo que me marcou e que eu internalizei de toda a história que vivi com ele. Espero que você tenha gostado e obrigada por ler até aqui.
Nos vemos no próximo post!
Até breve!
Ficha Técnica

Título original: O Cortiço
Autor: Aluísio Azevedo
Publicação original: 1890
Publicação atual:
Versão: Digital
Editora: Melhoramentos
Páginas: 299
Classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
Leitura: 17/09 – 12/10/22
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